Deputado Federal e candidato ao Governo de Goiás Daniel Vilela (MDB) recebeu R$ 10 mil da Vale Verde Empreendimentos Agrícolas Ltda, que, em 2015, foi multada pelo Ibama em R$ 5 milhões por operar sem licença ambiental.
Daniel também encabeça o Ruralômetro, “termômetro” desenvolvido pelo Repórter Brasil para medir como cada deputado federal atuou em leis importantes para o meio ambiente, indígenas e trabalhadores rurais. “A febre ruralista” significa que o deputado não é simpático a essas causas. O Ruralômetro está disponível no site do Repórter Brasil.
No caso de Daniel, a febre atinge a marca dos 40,6° graus, a maior dentre os deputados federais de Goiás. A temperatura é calculada com base nos votos e projetos do parlamentar. Daniel beirou ao teto de 42º graus. O emedebista soma 10 votações contrárias às causas. Destas, 8 eram Projetos de Lei ou Medidas desfavoráveis para os quais Daniel votou positivamente.
No entanto, o deputado se opôs a uma Medida Provisória e a um Projeto de Lei favoráveis aos trabalhadores rurais e ao meio ambiente, respectivamente. A Repórter Brasil consultou entidades especializadas para avaliar as pautas em votação como positiva ou negativa.
PL 773/2014: O Marco da Biodiversidade, aprovado em fevereiro de 2015, incentivou a produção de novos remédios e cosméticos e ampliou a compensação às comunidades tradicionais que disponibilizam à indústria seu conhecimento; a emenda (rejeitada) ampliava o rol de produtos que teriam que pagar royalties.
Voto de Daniel Vilela: Contra MPV 676/2015: A emenda, votada em setembro de 2015, garantiu seguro-desemprego a trabalhadores rurais safristas e foi discutida dentro de uma medida provisória que aumentava o valor de algumas aposentadorias por tempo de contribuição.
Voto de Daniel Vilela: Contra
O deputado também votou favoravelmente à MP da Grilagem, de 2016, que facilitou a regularização de terras ocupadas, tornando convidativa ações de desmatamento e grilagem. Daniel também votou a favor de pautas que fizeram bastante barulho, como a PEC do Teto de Gastos, a PL da reforma trabalhista e da terceirização que, segundo especialistas, dificultam o combate ao trabalho escravo no campo.
Daniel não está sozinho
Na cola de Daniel estão outros quatro deputados federais de Goiás, todos com febre ruralista acima de 40º. Depois de Vilela, o mais fervoroso é o Thiago Peixoto, (PSD), que perde o topo por um décimo: seu ruralômetro marca 40,5° graus. Thiago deu sinal verde para 6 projetos com impactos negativos sobre o meio ambiente, indígenas e de trabalhadores rurais.
A deputada oficialmente mais rica do Congresso, Magda Mofatto (PR), também registra febre ruralista com exatos 40° graus. Dentre as 11 PL’s ou Medidas votadas, apenas em uma Magda votou a favor do meio ambiente. A esmola foi para o Marco da Biodiversidade, para o qual ela votou “sim”. Já para os outros 10 projetos, dentre eles medidas para ampliação de áreas desprotegidas de florestas, medidas que dificultam o acesso à pensão por morte e seguro-desemprego, medidas de repasse de custos extras de hidrelétricas ao consumidor, dentre outros.
Magda também votou a favor da PL que acaba com a exigência do símbolo de alimentos transgênicos nos rótulos. O projeto foi aprovado pela Câmara dos Deputados em 2015 e desde então está emperrado para votação no Senado.
Outros deputados federais de Goiás também esquentam o nicho ruralista dos barões e coronéis. Jovair Arantes (PTB), que tem 43,3° grau de febre ruralista, concordou com 8 projetos e medidas desfavoráveis. Foi a favor, porém, de apenas uma medida favorável ao meio ambiente: a do marco da biodiversidade.
Ainda no calor dos 40º graus está o deputado Pedro Chaves (MDB). O parlamentar acenou positivamente a 12 propostas negativas às questões supracitadas. Apenas em uma ele se afasta da pecha: em junho de 2015, votou pela aprovação da medida provisória que garantiu a manutenção da política de valorização do salário mínimo até 2019.