Em setembro, a campanha Setembro Amarelo retorna para conscientizar a população sobre a prevenção do suicídio, deixando um alerta a respeito da importância dos cuidados e tratamentos relacionados à saúde mental. Entretanto, ainda que a conscientização se mostre cada vez mais forte, os números dos problemas psicológicos atingem índices cada vez mais alarmantes. A cada 45 minutos, um brasileiro morre vítima de suicídio.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o suicídio é a segunda causa de morte de pessoas entre 15 e 29 anos. Nessa idade, grande parte dos jovens enfrenta as dificuldades da atmosfera educacional no ensino médio e no ensino superior. Analisando os números preocupantes, precisamos também questionar a relação destes dados com a conjuntura da educação no país, que também apresenta índices inquietantes
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A Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) realizou um estudo do perfil dos estudantes das Universidades Federais do Brasil que constatou que 80% dos estudantes de graduação enfrentam ou já enfrentaram problemas emocionais, sendo que 70% destes nunca procuraram atendimento psicológico.
Na primeira metade de 2018, acompanhamos à notícia do suicídio de uma universitária na Universidade de Brasília (UnB), assim como às várias informações de tentativas de suicídio, crises e manifestações de transtornos psicológicos no ambiente universitário. A estudante em questão se despediu via redes sociais, pouco antes de tirar a própria vida. Em seus recados, expressou o sufoco causado pela vida universitária e o desgaste emocional que a levou a atitudes drásticas.
Afinal, qual a relação da vida universitária à saúde mental? Os prazos e as cobranças excessivas, assim como a imposição por uma produtividade constante, se encontram com os quadros de um sistema educacional sucateado que tenta acompanhar a um mercado de trabalho complexo e excludente, o que faz com que os estudantes sejam cada vez mais automatizados, perdendo tempo e espaço para o tratamento adequado para manter uma vida saudável.
No estudo da Andifes, 60% dos estudantes que alegaram problemas emocionais se queixaram da ansiedade. O transtorno de ansiedade generalizada e o transtorno de depressão maior são os obstáculos mais comuns na vida dos universitários e, quando não são tratados de forma correta, podem acarretar situações graves e até mesmo fatais.
Debates foram realizados em função de compreender o problema e aumentar a rede de conscientização e apoio, inclusive no Programa Matéria Prima. Na Universidade Federal de Goiás, o projeto Saudavelmente procura atender às demandas dos universitários que precisam de acolhimento psicológico. Além disso, a rede pública de saúde oferece atendimento nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS).
Entretanto, as estatísticas mostram que os números de vítimas estão aumentando e tendem a aumentar cada vez mais. Os cortes de verbas na educação e na saúde afetam diretamente essa realidade, tencionando o clima da educação e estreitando os caminhos para a manutenção da saúde mental. A conjuntura política do Brasil se encontra numa instabilidade que coloca a realidade emocional dos estudantes em um caminho incerto.
Portanto, além de promover o Setembro Amarelo e a conscientização a respeito dos cuidados com a saúde mental da população, buscar por melhores condições de auxílio e tratamento, assim como questionar as condições atuais, se mostra necessário. Ao apresentar ou reconhecer alguém que esteja apresentando sintomas de dano psicológico, não hesite em procurar ajuda profissional. Saúde mental é um assunto sério que pode receber a atenção necessária com a ajuda de todos.
Confira os serviços que atuam na prevenção a suicídios listados pela Agência Brasil:
Entidades
Serviços de saúde da rede pública
- Caps (Centros de Atenção Psicossocial)- Unidades Básicas de Saúde (Saúde da Família, postos e centros de Saúde)
Emergência
- Samu 192 - Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e prontos socorros de hospitais
Apoio
- Centro de Valorização da Vida (CVV): Ligação gratuita 188
- Grupo de Apoio aos Sobreviventes de Suicídio (Gass) - Manual de prevenção ao suicídio para professores e educadores
Além disso, é possível buscar ajuda nos projetos da universidade, como o Saudavelmente e o Núcleo de Atendimento Psicológico.