No próximo domingo, 10 de setembro, será realizada a XXII Parada LGBT de Goiânia, realizada pela Associação da Parada do Orgulho de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais de Goiânia (APOLGBT-GOIÂNIA), com o apoio da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Políticas Afirmativas (SMDHPA). A concentração deve ocorrer no estacionamento do Parque Mutirama.
O tema para este ano, “Lesbofobia é crime”, reitera visibilidade à letra L da sigla, algo que é muito reivindicado devido à necessidade de se compreender que as pessoas gays, lésbicas, travestis e transexuais sofrem preconceitos e violências diferentes - no caso de mulheres lésbicas, a violência frequentemente é ligada à desigualdade de gênero.
A história das Paradas do Orgulho LGBT - manifestações artísticas de busca por visibilidade e defesa de direitos civis - é política, e, sobretudo, de resistência. Embora haja registros de que a homossexualidade era bem aceita em civilizações antigas, historicamente, foi considerada um crime com punições legais estabelecidas em diversas nações, desde o século XIII. É por isso que o simples ato de se reunir em uma manifestação pública - quando a própria condição tinha de ser mantida no espaço privado, por ser proibida - ainda é um ato revolucionário para os lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais. Vale lembrar que ainda hoje a homossexualidade é crime em 73 países.
Primeiras articulações
O primeiro movimento organizado pelos direitos dos gays teve início nos Estados Unidos, em 1969, a partir de um episódio conhecido como Rebelião de Stonewall (Stonewall Riot). A polícia vinha promovendo com frequência batidas e revistas humilhantes em bares gays de Nova Iorque. Na manhã de 28 de junho daquele ano, gays, lésbicas, travestis e drag queens enfrentaram os policiais como forma de protesto contra as ações arbitrárias. Por isso, no dia 28 de junho é comemorado o Dia Internacional do Orgulho Gay.
A Rebelião de Stonewall originou movimentos organizados pelos direitos dos gays, como o Gay Liberation Front (GLF) e o Gay Activists Alliance (GAA). Travestis e transexuais, que tiveram papel importante na Rebelião de Stonewall, tiveram sua luta iniciada em 1952, com a criação do periódico Transvestia: The Journal of the American Society for Equality in Dress. Pouco depois do Stonewall, as lésbicas começaram a se articular, inspiradas pela Segunda Onda do Feminismo (1960-1980)
A bandeira LGBT
A bandeira arco-íris, mundialmente reconhecida como um símbolo das minorias, foi criada em 1978 pelo artista Gilbert Baker, para o Dia da Liberdade Gay de São Francisco, na Califórnia. A versão idealizada por Baker continha oito cores: rosa, vermelho, laranja, amarelo, verde, turquesa, anil e violeta. Na versão atual, de 1979, não estão presentes o rosa e o turquesa.
Gilbert Baker morreu em 31 de março de 2017, em Nova Iorque, aos 65 anos. Em 2 de junho, data em completaria 66 anos, foi homenageado pelo Google com um doodle animado.
No Brasil
O movimento LGBT começou a se formar no Brasil por volta da década de 1970, por meio de periódicos como o Lampião da Esquina (1978), abertamente homossexual e o ChanacomChana (1981), fundado por um grupo de lésbicas que o vendiam no Ferro’s Bar. Quando as mulheres foram expulsas do local, cujos donos não aprovavam a venda do jornal, lésbicas, feministas e ativistas LGBT se reuniram no bar e realizaram um ato político no dia 19 de agosto, que ficou conhecido como Stonewall brasileiro. Por causa disso, a data passou a ser comemorada com o Dia do Orgulho Lésbico no Estado de São Paulo.
Mas demoraria algum tempo até que fosse realizada a primeira parada LGBT, em São Paulo, no ano de 1997. Isso porque a homossexualidade era restringida ao espaço público. “A sua liberdade sexual se resumia aos espaços tidos como gays, aos espaços e bares declaradamente gays”, como afirmou o arquiteto e museólogo Renato Baldin, de 39 anos, em entrevista à revista Vice.
A Parada LGBT de 1997 reuniu cerca de 2 mil pessoas na Avenida Paulista. Embora reuniões menores já tivessem sido realizadas nos dois anos anteriores, aquela era a primeira vez que se pensava em um evento que reuniria mais pessoas em prol dos direitos LGBT. Os organizadores divulgaram o evento durante semanas por meio de panfletagem, nas portas de bares e boates gays. Pessoas que estiveram no ato o descrevem como emocionante, pois para muitos era a primeira oportunidade de encontrar e reconhecer outras pessoas como eles de forma pública, para reivindicar direitos e mostrar aos outros que “A gente é igual a qualquer outra pessoa”, afirmou o educador social e tradutor técnico Lula Ramires, de 56 anos. “Ninguém é melhor ou pior do que ninguém pelo fato de ser homossexual”.
Hoje, a Parada LGBT acontece anualmente em várias cidades do país. A parada de São Paulo é a maior de todas, e é palco de manifestações artísticas e políticas, além de atrair artistas nacionais e internacionais que apoiam a causa LGBT. No ano de 2006, a parada de São Paulo entrou para Guinness Book com o número de 2 milhões e meio de participantes, segundo contagem da Polícia Militar.
Imagem 1: Folha Z
Imagem 2: Segredos do Mundo (R7)