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Aye! Navegando no universo pirata


Por definição, pirata é o bandido especializado em andar pelos oceanos para abordar outros navios e saquear tudo o que estivesse ao alcance de suas mãos, estando sozinho ou em grupo. Alguns aproveitavam a oportunidade e queimavam cidades costeiras. A representação que aprendemos sobre eles é um tanto caricata. Tapa-olho, espada, perna de pau, um dente de ouro, barba farta, papagaio no ombro e um semblante vil. Capitão Gancho define?


Falando em cinema, a figura do pirata ganhou um reconhecimento definitivo com Piratas do Caribe, com o personagem Jack Sparrow, interpretado por Johnny Depp, e suas aventuras em meio a lendas e famosos jargões, como "aye", "yo-ho" e o já clássico "arrrrrr". Homero, em sua Odisséia, foi o primeiro a utilizar o termo pirata. Embora hoje em dia este termo já seja aplicado a qualquer pessoa que viola alguma coisa, por exemplo, os piratas do ar ou os piratas informáticos.


Os primeiros relatos de piratas remontam ao ano de 735 a.C., entre eles gregos e fenícios. A pirataria continuou a causar problemas, atingindo proporções alarmantes no século I d.C., quando uma frota de 1.000 navios de piratas atacou e destruiu uma frota romana e pilhou aldeias no sul da Turquia. Esses piratas são considerados precursores dos conhecimentos de navegação marítima. Naquela época, não existia tecnologia suficiente para tornar a vida à bordo minimamente confortável e lidar com doenças, o mau cheiro, a escuridão e a escassez de alimentos fazia parte do cotidiano. Isso, claro, quando a comida não estava completamente arruinada pelos gorgulhos, insetos que perfuram, sobretudo, madeira, cereais e feijão armazenado, reduzindo-os a pó. Aliás, vale lembrar que o escorbuto era uma doença muito comum nesse contexto. A falta de vitamina C vitimou muitos marujos e só foi detectada tempos depois.


As tripulações de piratas eram formadas por todo tipo de pessoa, mas a maioria era de homens do mar que desejavam obter riquezas e liberdade. Muitos eram escravos fugitivos ou servos sem rumo. As tripulações eram normalmente muito democráticas, o capitão era eleito por ela e podia ser removido a qualquer momento. Geralmente os piratas utilizavam navios pequenos e rápidos, que pudessem abordar rapidamente os navios atacados, lutar ou fugir de acordo com a ocasião. Eles preferiam o método de ataque que consistia em embarcar e realizar o ataque corpo a corpo. Navios de mercadores, ainda que levemente armados, eram saqueados. Todavia, às vezes, atacavam cidades ou mesmo navios de guerra, caso o risco valesse a pena.


Normalmente, não tinham qualquer tipo de disciplina além da “lei do mar”, bebiam muito e quase sempre terminavam mortos no mar ou enforcados, depois de uma carreira curta, mas transgressora.


Com a decadência do Império Romano e o apogeu da Idade Média, também conhecida como Idade das Trevas, a pirataria passou a ser praticada pelos normandos, que viviam na região da atual Normandia, ao norte da França. Eles atuavam principalmente nas Ilhas Britânicas, França e Império Germânico, embora chegassem mesmo ao Mediterrâneo e ao Mar Morto (em ambos também existiam piratas muçulmanos).


A disputa religiosa entre cristãos e muçulmanos também respingava na pirataria. os Cavaleiros de Malta, da ordem de mesmo nome, praticaram a pirataria a partir do século XV contra os mercadores muçulmanos. Eles também resgatarem prisioneiros cristãos capturados por piratas muçulmanos. Mais tarde, em meados do século XVI, surgiram piratas de várias nações, agindo praticamente no Mediterrêneo e no Mar Morto. Havia ainda piratas de origem Árabe que agiam no Mar Vermelho e no norte do Oceano Índico.


Com a colonização do continente americano, realizada por espanhóis e portugueses, os piratas passaram assaltar os navios que voltavam da América e passaram a organizar saques pelo Caribe Espanhol. Assim, do final do século XVI até o século XVIII os piratas, corsários, flibusteiros e bucaneiros atuaram principalmente no atlântico, sendo que esse período é chamado de Época de Ouro da pirataria.


Um dos piratas que mais atuou na costa brasileira nem ao menos nasceu no Brasil. Roque Brasileiro (ou Brasiliano), cujo nome verdadeiro é desconhecido, provavelmente nasceu na Holanda e saqueou navios e cidades por aqui entre os anos 1654 e 1671. Apesar disso, ninguém sabe ao certo sua nacionalidade e qual é a sua ligação com terras brasileiras. A história conta que Roque esteve presente em terras tupiniquins durante o período de ocupação holandesa, ocorrida entre os anos de 1630 a 1654, na região nordeste. O pirata ficou bastante conhecido por causa de sua crueldade e as atrocidades que infligia aos prisioneiros. Ele tinha especial ódio aos espanhóis, os quais sofreram muito nas mãos desse corsário implacável.


Outro pirata que exerceu boa parte de suas atividades na costa brasileira foi Thomas Cavendish. O flibusteiro passou os últimos de seus 31 anos por aqui, exercendo grande influência nas cidades por causa de seus ataques e saques constantes. Cavendish ganhou notoriedade ao participar da dominação de Virgínia, nos Estados Unidos. Após mais algumas expedições para o oriente, resolveu se aventurar nas águas ao sul, onde finalmente encontrou o lugar em que mais atuou em toda a sua vida. O inglês chegou a atacar Vitória, no Espírito Santo, Ilha Grande, no Rio de Janeiro e em Ilhabela, em São Paulo. Já em Santa Catarina, queimou engenhos e fez muitos escravos pela região.



A pirataria começou a declinar a partir da segunda metade do século XVIII. o historiador Marcus Rediker estima que, dos aproximadamente 5 mil homens que viviam da vida criminosa em alto-mar nos séculos XVI e XVII, restaram apenas 300 deles a partir de 1726. No entanto, somente em 1856 que a Declaração de Paris estabeleceu regras definitivas para as relações marítimas, colocando um fim oficial na atividade corsária e transformando em crime qualquer roubo ou saque em alto-mar.


Será que ainda existe a pirataria clássica nos tempos atuais? A resposta é que sim, ela existe! Em função de uma guerra civil que persiste desde o começo dos anos 1990, a Somália, país ao leste do continente africano e um dos mais miseráveis do mundo, é considerado um território hostil à marinha mercante internacional. A atividade, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), contribuiu para um aumento nos custos do transporte marítimo, e impediram a entrega de remessas assistenciais de alimentos. 90% das remessas do Programa Alimentar Mundial são enviados pelo mar, e os navios passaram a precisar de escolta militar.

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