Desde que o colunista do jornal O Globo, Lauro Jardim, divulgou em sua coluna a delação e conversa dos irmãos Batistas, donos da JBS, com o presidente Michel Temer e com o senador Aécio Neves (PSDB-MG), no dia 17 de maio, uma forte nuvem de incerteza passou a rondar Brasília.
O presidente Michel Temer (PMDB) passa pelo momento mais crítico de seu governo. Por isso, era esperado que o presidente renunciasse, porém ele logo afirmou, em pronunciamento na quinta-feira (18), que não renunciará. No mesmo dia, milhares de manifestantes foram às ruas pedir por “Diretas Já” e “Fora Temer”. As manifestações que apoiam as eleições diretas ganham força e apoio de artistas em todo o País.
Na próxima terça-feira (06) iniciará o julgamento da chapa Dilma-Temer no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Está previsto que o julgamento tenha duração de três dias. O TSE julgará se a ex-presidenta Dilma Rousseff e o presidente Michel Temer cometeram abuso de poder político e econômico nas eleições de 2014, quando foram eleitos. Assim, o destino do atual ocupante do Palácio do Planalto é uma interrogação.
No entanto, a pergunta que não sai da cabeça dos brasileiros é: se o Temer cair, quem assume a Presidência da República? A Constituição Federal Brasileira de 1988, afirma que se não houver um vice-presidente e este cair, o próximo na linha sucessória é o presidente da Câmara dos Deputados. Atualmente, o presidente da Câmara é o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) de 46 anos. Mas, você sabe quem é o deputado carioca que pode vir a se tornar presidente do Brasil?
Rodrigo Maia
Rodrigo Felinto Ibarra Epitácio Maia, ou simplesmente, Rodrigo Maia, é o atual presidente da Câmara dos Deputados. Dos 513 deputados, Maia foi eleito presidente da Casa com 285 votos para um mandato tampão, devido à renúncia do deputado e então presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB –RJ). Em fevereiro de 2017, Rodrigo Maia foi reeleito com 293 votos para o cargo de Presidente da Câmara dos Deputados e se tornou o primeiro na linha sucessória para a presidência da República.
Foto: Luís Macedo/Câmara dos Deputados
Filho do ex-prefeito e vereador do Rio de Janeiro, Cesar Maia, e genro de Moreira Franco, Ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência do governo Michel Temer, Rodrigo nasceu em Santiago do Chile no dia 12 de junho de 1970. Seu pai estava exilado no Chile, devido à ditadura civil-militar brasileira que duraram 21 anos. Maia conheceu o Brasil apenas aos três anos de idade, quando sua família voltou para o Rio de Janeiro.
Em 1986, Maia entra na Faculdade de Economia. Antes de entrar para a política, Rodrigo trabalhou por sete anos nos bancos BMG e Icatu. Aos 26 anos de idade se tornou o mais jovem Secretário de Governo da Prefeitura do Rio de Janeiro, na gestão de Luiz Paulo Conde. Maia concorreu pela primeira vez a deputado federal em 1998, e foi eleito com 96.385 votos aos 28 anos. Neste primeiro mandato, dedicou-se às questões trabalhistas, tentando sempre promover mudanças na legislação, onde atuou como presidente da Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público. Maia está no seu quinto mandato consecutivo.
Ao longo de sua trajetória política, Maia assumiu postos estratégicos. Em 2007, aos 37 anos, foi o primeiro presidente nacional do Democratas. Ele também já foi líder da bancada do partido na Câmara por dois anos e esteve à frente da oposição em comissões importantes. Em 2015, foi presidente e relator da proposta de Reforma Política e da Comissão Especial que analisou a prorrogação da Desvinculação das Receitas da União, a DRU. Participou ainda com destaque das CPI dos Correios, da CPI Mista da Petrobras e da Comissão Especial do Impeachment da presidenta Dilma Rousseff.
Ao longo de seus mandatos, Rodrigo Maia sempre foi uma referência nos debates econômicos e é citado há 15 anos consecutivos na lista “Cabeças do Congresso Nacional”, elaborada anualmente pelo Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar.
À frente da Câmara, Rodrigo Maia já declarou que sua prioridade será garantir condições políticas para ajudar o Brasil a sair da crise, com foco na aprovação das medidas de ajuste econômico, especialmente a PEC que limita os gastos do poder público e a reforma da Previdência e trabalhista.
Rodrigo e Temer
Rodrigo Maia é um fiel apoiador do presidente Michel Temer e defensor das reformas trabalhistas e da previdência. De acordo com o jornal O Globo, o presidente da Câmara tem se movimentado de forma discreta desde que a crise que abalou o Palácio do Planalto começou. Se seus gestos públicos são de manutenção da lealdade ao presidente, nos bastidores Maia tem recebido centenas de parlamentares que entram e saem de sua casa em reuniões que vão emendando uma na outra. Quem frequenta a residência oficial da Câmara diz que Maia não pauta o tema da sucessão de Temer, mas que essa matéria é inescapável.
O presidente da Câmara tem a reforma trabalhista como sua causa maior de seu primeiro mandato. Em março deste ano, Maia declarou que a Justiça do Trabalho "não deveria nem existir". Na última terça-feira (30), em meio a elogios ao presidente Michel Temer, o presidente da Câmara afirmou que a agenda da Casa está em sintonia com as propostas do governo federal e com o mercado financeiro.
Segundo o deputado Ivan Valente (Psol- SP) à Pública, o presidente da Câmara é tido como um dos mais fiéis aliados do presidente Michel Temer. Também é um moço educado, de família influente no Rio de Janeiro. Ivan Valente ainda contou ao portal que, ao contrário do antecessor, Eduardo Cunha preso em Curitiba, ele costuma ter bons modos quando está fora da cadeira de presidente da Câmara Federal. ‘‘Mas é só sentar naquela cadeira que ele se transforma em um monstro. Age não como um presidente de uma das casas do Legislativo, mas sim como um soldado do presidente ilegítimo Michel Temer’’, se apressa a dizer Valente. ‘‘Ele impede os setores populares de frequentar a Câmara. Exige que a polícia torne o Parlamento algo inóspito’’, acentua o deputado.