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Pequena Miss Sunshine desperta lágrimas e sorrisos

  • Ananda Carvalho
  • 6 de jun. de 2017
  • 3 min de leitura

Miss Sunshine, lançado em 2006 sob direção de Jonathan Dayton e Valerie Faris suscita críticas à sociedade em nuances do drama e comédia.

A trama acompanha a história da família Hoover, que extrapola quando o assunto é fugir do normal. Cada membro da família, com suas próprias peculiaridades, é peça fundamental da história e nos faz refletir sobre a importância de se ter os familiares ao nosso lado nos momentos difíceis, mesmo com todas as diferenças.


Logo no início, a protagonista Olive, papel de Abigail Breslin, descobre que vai poder participar do concurso de beleza, Pequena Miss Sunshine. O que resulta em toda a família viajando em uma antiga kombi amarela, por três estados, até o local do evento. Mas o que realmente é desenvolvido no filme são as experiências que eles passam juntos na estrada.


Mas o que faz da família Hoover tão fora do normal? Para começar, o pai da família, Richard, interpretado por Greg Kinnear, acredita que o mundo se divide entre os vencedores e os perdedores. Tanto que cria um método de autoajuda que promete levar seus seguidores ao sucesso.


Mas, por ironia do destino ele mesmo não consegue obter sucesso e acaba se afundando em dívidas. Richard tenta impor esse comportamento a toda família, o transformando em um pai muito exigente e que cobra bastante de todos.


Sheryl, papel de Toni Collette, é a mãe que precisa lidar com todos os problemas da família. E, além dos filhos, passa a cuidar de seu irmão Frank, interpretado por Steve Carell. Frank tentou se suicidar, depois de se apaixonar por um aluno e ver sua carreira desmoronando por causa disso.


A depressão é tratada no filme pela figura de Frank e, muitas vezes, é abordada de forma pouco sutil. Como, por exemplo, na cena que Richard diz que ter tentando se suicidar faz dele um perdedor. A carga dramática, nestes primeiros momentos do filme, é bastante forte, já que depois cede um espaço maior para a comédia, mas a tragédia e o humor seguem lado a lado durante todo o longa.


O filho mais velho de Richard e Sheryl Hoover, Dwayne, papel de Paul Dano, decidiu viver com um voto de silêncio. Movido pelo desejo de se tornar um piloto de avião, deposita seus esforços apenas nisso, enquanto despreza o restante da família.

Dwayne é um dos personagens mais pesados do filme, ao contrário do vovô Edwin, papel de Alan Arkin, que foi expulso do asilo por usar heroína. O avô da família é o personagem mais cômico e quem mais incentiva Olive a participar dos concursos de miss.


E, por fim, o ponto central da trama, a pequena Olive. A caçula da família, que é fascinada por concursos de beleza. Contudo, mesmo tendo sido classificada para participar do Pequena Miss Sunshine, Olive não se encaixa em nada nos padrões de beleza impostos. É gordinha e não se parece nem um pouco com as outras participantes, que são quase mini-adultas.

Concursos de beleza infantis são bastante comuns no Estados Unidos e também são muito criticados pelas situações em que as meninas são expostas. A crítica ao concurso de beleza do filme é bastante ácida e evidencia o incentivo a competição entre meninas e a adultização precoce.


O longa é, quase em sua totalidade, um road movie. Ou seja, os membros da família são obrigados a conviver um com o outro na estrada. Ao longo da história, é notável como todos se aproximam e estreitam os laços familiares, como se percebessem que ninguém precisa estar sozinho em situações delicadas. A kombi amarela se torna um símbolo da união, já que ela só funciona quando todos se juntam para a empurrar.


No final das contas, ouvinte, o filme realmente critica o culto aos padrões de beleza, discute a importância das relações familiares e trata de outros temas como a depressão e o suicídio. Mas, além disso, Pequena Miss Sunshine é sobre como temos que viver e aceitar o fracasso de vez em quando.

Frank precisa se reerguer depois de perder sua carreira e Dwayne precisou lidar com o fato de não poder se tornar um piloto. Olive, mesmo estando contra todas as chances, continuava insistindo em ir atrás de seus sonhos.


A família Hoover mostra como a vida é fracassar, perder e cair. Mas, no final, se levantar para novamente empurrar a velha kombi no caminho certo. Talvez o sucesso não sejam todas as conquistas, mas sim todas as tentativas. Os Hoover não vencem no sentido literal, mas alcançam a vitória em aceitar sua próprias adversidades.


Quantas vezes não ouvimos a frase que Richard Hoover tanto repetiu em nossas próprias cabeças, existem os vencedores e os perdedores. E assim, não conseguimos escapar desse sentimento tão comum de se achar obrigado a conseguir o sucesso profissional e emocional.



Imagem: Vírgula Uol

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