Depoimento de Lula diverge opiniões
- Amanda Cunha
- 13 de mai. de 2017
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O depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao juiz federal Sérgio Moro agitou a mídia brasileira nestes últimos dias. Lula foi interrogado pela segunda vez por Moro, mas este foi o primeiro encontro pessoal dos dois.
A ação judicial em questão faz parte da Operação Lava Jato e foi realizada no prédio da Justiça Federal do Paraná, em Curitiba, nesta quarta-feira, dia dez de maio. Este foi um dos interrogatórios mais longos da história da Lava Jato, pois se estendeu por quase cinco horas.
As acusações que motivaram essa ação judicial são feitas pelo Ministério Público Federal contra o ex-presidente Lula. Ele é acusado de receber propina da empreiteira OAS S.A em 2009 por meio do Triplex de Guarujá e de sua reforma. Além da denúncia de armazenamento de acervo presidencial fora de seu mandato.
O juiz Sérgio Moro iniciou sua fala deixando claro que Lula não poderia ser preso após o fim de seu depoimento. Este era um boato que as pessoas contrárias ao ex-presidente estavam propagando antes mesmo da ação judicial ocorrer. Afinal, as provas contra ele sequer foram apresentadas, o que consta até o momento são apenas as afirmações de delatores.
O desejo por ver Lula preso levou uma centena de pessoas a se manifestarem no Centro Cívico de Curitiba. Cartazes, bandeiras do Brasil e outdoors que incitavam seu encarceramento fizeram parte deste ato. Muitos pensam como o jurista Deltan Dallagnol, que chegou a afirmar que Lula era “maestro de uma organização criminosa”.
Já os favoráveis a ele somaram cinco mil, reunidos na Praça Santos Andrade, na capital paranaense. O ato político em apoio a Luiz Inácio seguiu até o final do interrogatório, quando o ex-presidente dirigiu-se até lá e subiu ao palanque.
Discursou por vinte minutos, durante os quais se emocionou e reafirmou sua inocência. Em certo momento, falou que “se um dia eu tiver cometido um erro, não quero ser julgado só pela justiça. Quero ser julgado antes pelo povo brasileiro”.
Analisando os números de simpatizantes e desfavoráveis, fica claro como Lula tem o apoio das massas. Independentemente das acusações que carrega a gratidão do povo brasileiro não o abandona. O político que presidiu o país por dois mandatos consecutivos deixou o seu legado, para o bem ou para o mal, só mudam as perspectivas.
As opiniões e os embates acerca dos feitos e problemas de seu governo nunca deixaram de existir, mas ganharam novos ares depois do depoimento do ex-presidente nesta quarta-feira. Durante o interrogatório, ele se defendeu quando teve oportunidade e levantou alguns questionamentos.
Quando se dirigiu ao juiz Sérgio Moro, Lula foi bastante cordial e praticamente não se exaltou. Da mesma forma, Moro tratou-o com grande respeito. Entretanto, as acusações e perguntas feitas ao réu fizeram os dois pontuarem seus posicionamentos.
O ex-presidente cobrou a apresentação de provas contra ele, ressaltando ser inocente e fortalecendo a sua defesa. Lula afirmou que estaria sendo julgado pela sua forma de governar, e que nisso não há crime algum de sua parte. Criticou a imprensa e disse que está sendo alvo da maior caçada jurídica que um presidente e um político brasileiro já teve.
Lula também mencionou sua falecida esposa, Marisa Letícia Lula Da Silva, em várias ocasiões. Especialmente para justificar seu vínculo com o Triplex De Guarujá. Segundo ele, Marisa era a pessoa interessada no imóvel.
Acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, ele está chegando perto de ter sua primeira sentença na justiça. Sérgio Moro deve estabelecer uma data para as considerações finais tanto da defesa quanto da acusação. Depois disso, poderá publicar seu veredito.
Este é um momento decisivo na vida política de Lula, pois se for condenado em segunda instância, ele não poderá concorrer à presidência em 2018. Em suas considerações finais, Lula prolongou a fala e foi advertido por moro que ali não era lugar para propaganda eleitoral.
O ex-presidente Luiz Inácio desabafou dizendo que sua família sempre sofreu as consequências das coisas que dizem contra ele. Citou seus cinco filhos e oito netos, relatando que nunca foi respeitado enquanto acusado. Agora nos resta aguardar os desdobramentos dessa ação judicial.
Imagem: Reprodução