top of page

Prestes a completar 28 anos, o Cine Cultura se consolida por fomentar o cinema não comercial

A Praça Cívica é a praça mais conhecida da capital goiana, pois é nela que se encontra o centro administrativo do estado de Goiás. O Palácio Pedro Ludovico é o ponto mais famoso dentro da praça por ser um prédio de 12 andares onde se concentra toda administração financeira do estado.


Ainda na Praça Cívica está o Palácio das Esmeraldas, sede oficial do governador de Goiás desde 1933. O primeiro museu de Goiânia, o Zoroastro Artiaga, também compõe o espaço.


No entanto, é entre o Palácio das Esmeraldas e o Museu Zoroastro Artiga que está instalado o Centro Cultural Marieta Telles. Construído em 1933, em estilo art déco, o prédio serviu primeiro à Secretaria Geral do Estado. Hoje, o Centro conta com uma biblioteca, o Museu da Imagem e do Som (MIS) e o encantador, porém, desconhecido por muitos goianienses, Cine Cultura.


Prestes a completar 28 anos, o Cine Cultura é um pequeno, porém grande cinema em Goiânia. Pequeno em tamanho, já que hoje o espaço comporta apenas 97 lugares e um para cadeirante. Entretanto, é grande, pois é o local na cidade, onde se preocupa com o cinema mundial e, principalmente, brasileiro e goiano.


Inaugurada no dia 15 de julho de 1989, a pequena sala batizada de Sala Eduardo Benfica foi dirigida, ao longo de grande parte de sua história, pelo importante diretor de fotografia goiano, Antônio Segatti. O Cine Cultura se firmou como principal espaço de exibição de filmes não comerciais, proporcionando ao público experiências que os cinemas ditos “comerciais” não se interessavam em promover.


Por isso, o telespectador encontra no Cine Cultura filmes que muitas vezes não consegue espaço nas grandes salas de cinemas, pois a concorrência com os ditos filmes comerciais é desproporcional. Com a modernização das cidades brasileiras, os cinemas de rua foram perdendo espaço.


Hoje, eles se encontram dentro de grandes shopping centers espalhados pela cidade e construídos na falsa sensação de segurança e conforto. O coordenador e programador de filmes do Cine Cultura, Fabricio Cordeiro, afirma que aos finais de semana e feriados o público é maior. “Duas ou três vezes maior”, disse.


Hoje, o Cine Cultura acompanha um momento decisivo de transição pelo qual passa o cinema mundial no século XXI. “A tradicional projeção em 35mm que acompanhou toda a história do nosso cinema vem agora aliada à tecnologia digital, proporcionando uma maior democratização de acesso a uma quantidade inimagináveis de filmes disponíveis no circuito exibidor brasileiro e mundial”. Afirma a diretoria do cinema.


Além, de projetarem filmes estrangeiros e brasileiros, o Cine Cultura também é conhecido por privilegiar a produção goiana. O espaço é usado para lançar curtas-metragens e longas-metragens produzidos no estado. O cinema também é conhecido pelas mostras especiais e festivais promovidos ao longo desses 28 anos.


A estudante, Ana Beatriz Lage (25), relatou que os filmes que ela encontra no Cine Cultura, quase nunca vê em outros cinemas de franquia. “Também tem a possibilidade de conhecer novos diretores e lançamentos não tão comerciais”, afirmou.


De acordo com a diretoria do cinema, buscar uma relação mais próxima e afetiva com o público é o principal projeto do Cine Cultura. “Estar em contato direto com as pessoas, ser um catalisador de experiências audiovisuais, de aproximação com a cultura e com a arte através do cinema, é o que motiva o Cine Cultura. A ideia é construir um intenso e fértil ambiente onde a paixão pelo cinema possa florescer, a partir do qual o cinema possa ser conhecido em sua totalidade, sem limitações”, afirmou.


Cine Almofada


Em 2013, o Cine cultura passou por uma reforma interna, no qual fez o espaço fechar as portas. Os frequentadores do cinema, não conformados com o longo período sem ir ao local, criaram o “Cine Almofada”.


Exibição de filmes era feita aos domingos às 19h ao ar livre em plena Praça Cívica. Os telespectadores levavam suas cadeiras, lençois e, claro, as famosas almofadas para acomodarem e assistir ao filme do dia.


Ao final da sessão, o dono da mais bonita e criativa almofada ganhava um pôster de algum filme que esteve em cartaz no cinema. Em baixo de um céu estrelado, em plena Praça Cívica ao cheiro de pipoca, os dias em que o Cine Cultura esteve fechado foram aproveitados pela população.


Cinema Brasileiro


De acordo com a Agência Nacional do Cinema (Ancine) os anos de 2015 e 2016 trouxeram bons resultados para o Cinema. O período fechou com excelentes números para o setor cinematográfico. Foram registrados, em 2015, 172,9 milhões de espectadores nas salas de cinema do País, representando um crescimento de 11,1% em relação a 2014.


“Acompanhando o bom desempenho do público em salas de exibição, a renda gerada em bilheteria foi de R$ 2,35 bilhões, refletindo um aumento de 20,1% em comparação ao ano anterior”, afirmou a Ancine em nota. “Essas são as maiores taxas de crescimento de bilheteria e de público registradas nos últimos cinco anos”, acrescentou.


De acordo com dados publicados pela a Agência, em 2016, a quantidade de filmes lançados, 143 filmes com 97 obras de ficção, é uma marca recorde para toda a história do cinema brasileiro. Já o total de ingressos vendidos, que atingiu a marca de 30,4 milhões, é o melhor resultado desde 1984. A participação de público dos filmes nacionais chegou a 16,5%, contra 13% no ano anterior.


O Cine Cultura é um desses cinemas brasileiros que contribuiu para esse crescimento, já que filmes brasileiros de projeção nacional e até mesmo internacional têm espaço no escondido cinema em plena Praça Cívica. Filmes como “Que horas ela volta” (2015), “Hoje eu quero voltar sozinho” (2014), “Mae só há uma” (2016), “Aquarius” (2015), “Eu não sou seu negro” (2016) entre tantos outros são alguns nomes que estiveram em cartaz no local. O valor dos ingressos também contribui para o aumento de telespectadores. O ingresso no Cine cultura custa R$ 8,00 e a meia R$ 4,00. “O preço é, com certeza, um dos fatores que me leva ao Cine Cultura, o ambiente pequeno também me atrai muito”, disse Ana Beatriz Lage.


Os filmes ficam em cartaz por no mínimo duas semanas em cartaz. Essa é a duração padrão e ocorre com 90% dos filmes. “Quando um filme é muito procurado, pode ficar três, quatro ou até mais semanas. "Aquarius" ficou cinco semanas em, por exemplo. "Eu Não Sou Seu Negro" ficou quatro semanas. Uma coisa que não muda é o número de sessões por dia: cada filme é exibido apenas um horário por dia, uma sessão” afirmou o coordenador Fabrício Cordeiro.


Imagem: reprodução

bottom of page