Quão intenso pode ser o amor de um fã por um livro, saga, filme, história ou jogo? Quando o assunto é demonstrar apoio ou apreço por algum elemento da cultura pop, algumas pessoas fazem muito mais do que comprar itens de colecionador ou edições limitadas, elas usam o próprio corpo.
Cosplay pode ser entendido como uma arte, forma de expressão. O termo vem do inglês, uma junção das palavras costume, fantasia, e roleplay, interpretar. Basicamente, é um hobby que consiste em se caracterizar como algum personagem de determinada série, filme, livro, mangá, história em quadrinhos ou animes, os tão conhecidos desenhos japoneses. Mas onde essas pessoas podem exibir seu hobby? Geralmente em convenções voltadas a cultura pop. A popularidade desses eventos cresceu tanto que, hoje, movimentam muito dinheiro nos dias em que acontecem, além de que cada vez mais encontros do tipo tem sido criados. Os cosplayers são atrações a parte em todos eles.
Inclusive, se engana quem pensa que a tradição do cosplay nasceu na Ásia. Segundo o site "Cosplay Brasil", o primeiro registro de alguém que se vestiu como um personagem para ir a uma conferência é de 1939. Naquele ano, um jovem de 22 anos chamado Forrest Ackerman, e sua amiga Myrtle Douglas foram à primeira edição da World Science Fiction Convention, ou Worldcon, vestidos com fantasias no meio de um público de mais ou menos 185 pessoas. Forrest usou um traje personalizado que chamou de futurecostume, e Myrtle se inspirou no figurino das mulheres do filme clássico “Things to Come” de 1936. Naquele momento, ficção e realidade ganharam um novo contexto bem mais próximo um do outro.
Os jovens iniciaram uma nova era na história das convenções de ficção científica. Forrest, mais tarde, se tornou bastante conhecido na área como escritor, agente literário, editor de livros e ferrenho admirador da cultura pop. A prática cresceu e se elevou a um novo patamar. Se hoje no Brasil temos festivais de cosplay com apresentação, votação e premiação para o melhor, é porque, naquela época, surgiram os masquerades. Basicamente, eram concursos que permitiam aos fãs fantasiados se apresentarem nos palcos como seus personagens para entreter o público.
Mas o termo cosplay não havia sido cunhado ainda. A prática era conhecida apenas como fan costuming. Foi só em 1984 que Nobuyuki Takashi, um produtor de um estúdio japonês chamado Studio Hard, participou de uma Worldcon e ficou tão impressionado com tudo que viu no masquerade que escreveu sobre em revistas japonesas. Em seus textos, ele definiu pela primeira vez o que seria o cosplay.
O cosplay finalmente alcançou a Ásia, que com sua busca incansável pela estética perfeita começou a diferenciar-se um pouco do que era praticado na América. Reproduzir o personagem em seus mais minuciosos detalhes passou a ser a busca dos cosplayers. Diferente disso, nas convenções ocidentais, era comum que os fãs fizessem adaptações ou intervenções na fantasia.
Até hoje os americanos costumam utilizar o termo cosplay apenas para caracterizações que remetem a personagens de origem asiática deixando o termo costuming para as demais. Mas e o Brasil em meio a tudo isso? Há relatos de fãs fantasiados em convenções de Star Wars e jogos de RPG por volta da década de 80. Porém, acredita-se que o cosplay se consolidou como um hobby por aqui no ano de 1996 juntamente com a primeira convenção de mangás do país, o mangacon.
As definições de cosplayer foram atualizadas quando o irlandês Julian Checkley entrou para o livro dos recordes ao criar o cosplay com mais funcionalidades, ao todo são 23 funções em sua roupa inspirada no personagem Batman. A roupa foi feita em uma impressora 3D e moldada em uma borracha flexível de uretano.
Hoje, em todas as convenções de cultura pop e ficção científica, temos a presença de cosplayers. E as pessoas realmente levam este hobby a sério desembolsando muito dinheiro para ficar o mais fiel o possível a seus personagens. Mas, querendo ou não, cosplay é sobre paixão e criatividade, então tem muitos que conseguem um ótimo resultado a um custo baixo.
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