O dia primeiro de abril, conhecido no Brasil como o Dia da Mentira, é um dia em que as pessoas contam casos absurdos e mentiras grotescas com a intenção de pregar peças nos amigos.
A origem da data não é certa. Uma das hipóteses mais aceitas está relacionada com as mudanças de calendários propostas no Concílio de Trento, em 1548, implantadas pelo Papa Gregório XIII no ano de 1542.
Durante o processo de reforma do calendário, o Rei francês Carlos IX ordenou que, a partir do ano de 1564, o ano novo deveria ser celebrado no dia primeiro de janeiro, e não mais durante a última semana de março até o primeiro dia de abril, que marcava o início da primavera no hemisfério norte, como era tradição na maior parte da Europa.
Mas naquele tempo existia uma grande dificuldade de comunicar as decisões do Rei a todo o reino. E por causa da lentidão e da pouca disponibilidade de meios de comunicação da época, a mudança no calendário demorou 3 anos para ser cumprida em todo o reino francês.
Esse pode ser o motivo que levou algumas pessoas a continuar comemorando o ano novo na semana do dia 25 de março ao dia primeiro de abril. E como algumas pessoas já sabiam da mudança do dia da comemoração de ano novo, passaram a zombar de quem estaria comemorando o ano novo numa semana falsa. As pessoas recebiam convites para festas que não existiam, ganhavam cartões jocosos ou presentes esquisitos nessa data. E a prática foi sendo difundida, até que o dia primeiro se abril se tornasse o Dia da Mentira.
O motivo para a mudança da data do ano novo pode estar relacionado ao fato da comemoração do início da primavera ser uma prática pagã e não cristã. A ligação entre os fenômenos naturais com possíveis espíritos divinos vai contra as práticas cristãs da época.
Naqueles tempos a passagem de tempo era marcada pelas estações do ano. Por isso as comemorações que ocorriam no final de março marcavam a passagem do inverno para a primavera. Entre os dias 25 e 31 de março ocorriam as festividades, para que no início do mês seguinte, abril, as rotinas voltassem ao normal.
A mudança do calendário tinha como propósito fazer o início da primavera coincidir com o dia 21 de março em 1583, e desse modo conseguir estipular uma data única para a comemoração da páscoa cristã, uma vez que a data variava em várias áreas do cristianismo católico.
Assim a brincadeira que começou na França foi se espalhando para outros países da Europa nos séculos que seguiram. E da Europa para o mundo, durando até hoje. Na Inglaterra e nos Estados Unidos, por exemplo, essa data é conhecida como o “Dia dos Tolos”.
Curiosidades
Existe uma outra teoria para a origem da data, que estaria relacionada à Roma Antiga, onde esse período marcava o início do equinócio da primavera, que era comemorado com festividades. Uma das características dessas comemorações era a pregação de trotes.
No dia primeiro de abril de 1848, foi lançada no Brasil a primeira edição do jornal “A Mentira”, em Pernambuco. E já de cara o jornal trazia a mentirosa e polêmica manchete “morre Dom Pedro II”. Essa foi a primeira brincadeira do dia da mentira feita pela imprensa brasileira. A notícia causou alvoroço e só foi desmentida no dia seguinte.
Na França, a data é conhecida como “peixe de abril”. O trote mais praticado entre as crianças é colar um desenho de um peixe nas costas dos colegas.
Os escoceses adoram tanto essa data que, na Escócia, as comemorações duram dois dias. No primeiro dia, eles fazem uma espécie de “caça aos bobos”. O segundo dia é dedicado à brincadeira de se colar placas de papel nas costas dos colegas. A mais colagem comum costuma dizer “me chute”.
Em Portugal, o Dia da Mentira é comemorado no domingo e na segunda de Carnaval. A brincadeira mais comum é a de se jogar farinha no rosto dos colegas.
Já na Polônia, o Dia da Mentira é levado a sério. A mídia e o poder público geralmente entram na onda das brincadeiras. Não participar é praticamente proibido durante a data. A prática mais comum é a de jogar água nos colegas.
Uma pesquisa com trabalhadores feita pelo site Carrer Building revelou que 32% dos trabalhadores já sofreram trotes dia primeiro de abril no ambiente de trabalho.
Na Bélgica, a data é um pretexto para que as crianças “sequestrem” os adultos. A brincadeira consiste em “prender” os pais ou professores dentro de um cômodo. O resgate? Doces, é claro.
Imagem: http://inglesnodiaadia.blogspot.com.br