Você já deve ter ouvido falar sobre veganismo. Nos últimos anos, esse movimento vem crescendo cada vez mais. Aqui nas terras tupiniquins a história não é diferente. Que tal se conhecermos um pouco sobre o que de fato é ser vegano?
De acordo com a mais antiga entidade vegana do mundo, a The Vegan Society, o veganismo é uma forma de viver que busca excluir, dentro do possível, todas as formas de exploração e crueldade com os animais, seja para alimentação, para o vestuário ou para qualquer outra finalidade. Vegana ou vegano é, portanto, a pessoa que pratica o veganismo, não contribuindo para o sofrimento dos animais em suas ações cotidianas.
O veganismo é um movimento que busca a libertação dos animais em todas as frentes possíveis, sobretudo no mercado, na alimentação, no trabalho forçado e no entretenimento. Vale lembrar que esse movimento abrange todos os seres vivos, racionais ou não. Há muitas pessoas que confundem os termos e acreditam que o veganismo é apenas uma dieta. Bem, todo mundo comete erros. Mas creio que está na hora de desmistificarmos essas concepções para que equívocos assim surjam com menos frequência.
Veganismo, acima de tudo, é um modo de vida. A eliminação de toda e qualquer exploração animal é o principal objetivo do movimento. Não se alimentar de produtos de origem animal, bem como não usar roupas feitas de couro e similares são atos políticos e representam resistência ao que o mercado almeja para os nossos padrões de vida. Além de questões que conseguimos perceber claramente sobre a exploração dos animais, como em nossa alimentação, por exemplo. O veganismo também age sob aspectos que impactam o ser humano, a saúde e o planeta.
Kahalia, estudante de design gráfico, é vegano e participa ativamente do movimento. Em entrevista, ressaltou que a poluição tem porcentagem altíssima causada pelo desmatamento em prol da agropecuária. Pois, a criação de animais para o abate necessita de terra e para isso ocorre o processo de desmatamento. Além disso, segundo Kahalia, 1/3 da água potável é usada na agropecuária. Já pensou se a usássemos para outros fins que não fossem necessariamente os alimentar o mercado capitalista por meio da exploração animal?
De igual maneira, os veganos não se entretém às custas dos animais. Os bichos não estão nos zoológicos e aquários por opção, não realizam performances em circos porque assim o querem e nem pulam em rodeios porque parece divertido. A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC), aprovou recentemente Projeto de Lei que eleva o rodeio a Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil. O projeto tratava do rodeio crioulo, tradicional no Rio Grande do Sul. A proposição acabou recebendo emendas na Comissão de Cultura que estendem também ao rodeio e a vaquejada o título de patrimônio cultural.
A proposta principal do veganismo consiste em atuar como uma força de mercado para, também, desconstruir a amplitude da cultura tradicional em razão do bem estar animal, que deveria ser fundamento antes de se aprovar leis as quais reforçam os seres não humanos como objetos de entretenimento. Mesmo que o teor da alimentação não seja a única pauta do movimento, corresponde a um dos primeiros contatos para entrar no mundo do veganismo e ao do repúdio à exploração animal.
Pessoas que adotam o veganismo em suas vidas comem bem e de forma variada, ao contrário do que os estigmas sugerem. Existem centenas de alimentos naturalmente veganos como arroz, feijão, legumes, hortaliças, castanhas, frutas e muitos outros. Há também pratos tradicionais que não têm nada de origem animal em suas receitas. É o caso de comidas árabes, brasileiras, italianas, mediterrâneas e orientais.
Você sabia que existem vários itens que consumimos e nem imaginamos que vem de origem animal? Como é o caso da gelatina, que é feita a partir do tutano do boi, ou do queijo que é feito com uma enzima retirada do estômago de bezerros. E como podemos tomar conhecimento da forma com que os ingredientes de nossa alimentação são originados? Bem, na verdade não há método infalível. O veganismo, como o conceito propõe, é uma forma de viver que buscar excluir padrões de comportamento provenientes da exploração animal, dentro, claro, dos limites humanos. Então não fique triste caso seja vegano ou queira se engajar no movimento e acabe sem querer consumindo alguma refeição que tenha sido feita com elementos de origem animal. Ninguém sabe de tudo o tempo todo. Em vez de sentir culpa, use a experiência para não repetir o mesmo erro, por exemplo.
Você sabia que dá pra fazer doce de leite na sua casa sem nenhum ingrediente de origem animal? Basta seguir os seguintes passos:
Coloque uma xícara de açúcar numa panela de tamanho médio e espere derreter. Lembre-se de não mexer muito a mistura para o açúcar não cristalizar!
Enquanto derrete, acrescente cinco vidros de leite de coco em outra panela. Sim, aqueles que tem no mercado mesmo.
Quando o açúcar estiver derretido, coloque uma xícara do leite de coco que você deixou esquentando na outra panela e mexa bem.
Aos poucos, despeje o restante do leite de coco quente na panela do açúcar. Continue mexendo até encorpar, pode demorar até trinta minutos, mas vai valer a pena. Afinal, é doce de leite! Como se arrepender do trabalho árduo se a recompensa é essa?
Desligue o fogo depois das mexidas incessantes e acrescente uma pitada de sal e uma colher de chá de essência de baunilha.
Por fim, despeje tudo numa vasilha de vidro. Espere esfriar e sirva.
Agora você sabe fazer uma sobremesa tradicional sem uso de ingredientes de origem animal!
O veganismo não é um movimento como outro qualquer, ele preza a saúde de todos os seres vivos, bem como a conservação do meio ambiente. Antes de mais nada é uma forma de resistência contra o mercado e mortificação da humanidade.