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As marcas de Fidel na história mundial

No último dia 25 de novembro morria o homem que esteve à frente de Cuba durante 41 anos, Fidel Castro. Visto por alguns como um defensor do socialismo, do anti-imperialismo e do humanitarismo, e por outros como um ditador totalitário cuja administração cometeu múltiplos abusos aos direitos humanos, Fidel era uma das poucas pessoas de influência da época da Guerra Fria ainda viva no Século XXI.

Nascido em agosto de 1926 na cidade de Birán e filho de um rico fazendeiro, Castro adotou a política anti-imperialista de esquerda enquanto estudava Direito na Universidade de Havana.

Depois de participar de rebeliões contra os governos de direita na República Dominicana e na Colômbia, planejou a derrubada do presidente cubano Fulgencio Batista, lançando um ataque fracassado ao quartel moncada em 1953.

Após um ano de prisão, Castro viajou para o México onde formou um grupo revolucionário conhecido como o movimento 26 de julho, com seu irmão Raúl Castro, hoje presidente de Cuba desde 2008, e Che Guevara.

Voltando à Cuba, castro assumiu um papel fundamental na revolução cubana, liderando o movimento em uma guerra de guerrilha contra as forças de Batista na Serra Maestra.

Com a derrota de batista em 1959, Castro assumiu o poder militar e político como primeiro-ministro de Cuba. Os Estados Unidos ficaram alarmados com as relações amistosas de Castro com a União Soviética e tentaram, sem êxito, eliminá-lo por meio de métodos como assassinato, bloqueio econômico e contrarrevolução, sendo o mais conhecido a invasão da Baía dos Porcos em 1961.

Contra essas ameaças, Castro formou de vez uma aliança com os soviéticos e permitiu que eles colocassem armas nucleares na ilha, o que provocou a crise dos mísseis de Cuba em 1962.

Tendo adotado um modelo marxista-leninista de desenvolvimento, Castro converteu Cuba em uma ditadura socialista sob comando do Partido Comunista, o primeiro no hemisfério ocidental.

Suas reformas introduziram o planejamento econômico central e levaram Cuba a alcançar índices elevados de Desenvolvimento Humano e Social, como a menor taxa de mortalidade infantil da América, além da erradicação do analfabetismo e da desnutrição infantil.

No entanto, tais avanços sociais foram acompanhados pelo controle estatal, com a supressão da liberdade de imprensa e de expressão e pela inibição da dissidência interna.

No exterior, Castro apoiou grupos anti-imperialistas revolucionários, apoiando o estabelecimento de governos marxistas no Chile, na Nicarágua e em Grenada, além de enviar tropas para ajudar os aliados na Guerra do Yom Kipur, da guerra Etío-Somalis e da Guerra Civil angolana. Essas ações, aliadas à liderança de Castro no movimento não alinhado de 1979 a 1983 e ao internacionalismo médico cubano, melhoraram a imagem de cuba no cenário mundial e conquistaram um grande respeito no mundo em desenvolvimento. Após a dissolução da União Soviética em 1991, Castro levou Cuba ao seu "período especial" e abraçou ideias ambientalistas e antiglobalização.

Durante os anos 2000 ele forjou alianças na "Onda Rosa" da América Latina, período em que diversos países latinos estavam elegendo governos inclinados à esquerda, e assinou a aliança bolivariana para os povos da nossa América.

Em 2006, após a primeira das crises hemorrágicas características da doença que o assolaria pelos seus dez últimos anos, Castro transferiu suas responsabilidades para o vice-presidente e irmão Raúl Castro, que assumiu formalmente a presidência em 2008. Apesar de ter anunciado que não aceitaria novamente, se eleito, o cargo de chefe de estado, Castro permaneceu como membro do parlamento após a sua eleição como um dos 31 membros do Conselho de Estado, e também manteve o cargo de primeiro-secretário do Partido Comunista de Cuba. A sua última aparição pública foi no dia 15 de novembro, quando recebeu o presidente do Vietnã, Tran Dai Quang.

Castro morreu em havana na noite de 25 de novembro de 2016, aos 90 anos. Após o anúncio de sua morte pela TV estatal, Raúl Castro informou que o corpo do ex-presidente de Cuba será cremado, atendendo a seus pedidos. O governo de Cuba decretou nove dias de luto nacional pela morte do líder da Revolução Cubana e anunciou que seu funeral vai ocorrer amanhã, no cemitério Santa Ifigenia, na cidade de Santiago de Cuba.

O presidente russo Vladimir Putin descreveu Fidel como o "símbolo de uma era", enquanto Barack Obama, presidente dos Estados Unidos nos momentos finais de seu mandato, foi neutro ao comunicar que "a história registrará e julgará o enorme impacto dessa figura singular no povo e no mundo ao seu redor". O presidente sul-africano Jacob Zuma saudou Cuba e agradeceu a Fidel pela “ajuda na luta contra o apartheid”.

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