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Pop Coreano conquista fãs em todo o mundo

Começo o “Você Sabia?” de hoje com um desafio. Em três segundos liste o maior número de coisas que vem à mente quando você escuta a palavra Coreia do Sul.

Tecnologia, Samsung, asiáticos, cirurgias plásticas, japoneses, Psy, K-Pop. Aposto que pelo menos uma destas palavras vieram à mente, e não é de se estranhar. Apesar de ter passado por uma das guerras mais violentas em termos de mortes de civis em 1950, o país conseguiu se reerguer e, hoje, é um dos países mais desenvolvidos do mundo.

Segundo dados do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento Humano, a Coreia Do Sul ocupa a posição de número 17 no hanking de desenvolvimento. Com isso, ela ultrapassa países como a França, Bélgica, Áustria e o próprio Japão. O cálculo é feito levando em consideração renda per capita, expectativa de vida e escolaridade da população.

Mas, não, hoje não falaremos sobre as curiosidades da Coreia do Sul. Na verdade, é quase isso, porque vamos falar sobre o K-Pop, um gênero musical nascido na Coreia que vem ganhando cada vez mais e mais fiéis no mundo. Quando eu digo fiéis, não tenho medo de exagerar. A musica pop coreana se torna praticamente uma religião para quem entra nesse mundo É tudo muito esplendoroso, cativante, mágico, mas também tem seus problemas.

O fato é que não dá para falar de pop coreano sem antes entender sua “pré-história” ou como tudo era antes de ser o que é hoje. Além disso, o K-Pop é tão incrível porque consegue misturar elementos diversos como o tradicional e o moderno, pop, rock, ballad, rap e fazer boa música com tudo isso. Foram missionários os primeiros responsáveis por levar referências de músicas populares americanas e britânicas para os coreanos. As canções passaram a fazer parte da rotina dos moradores das cidades e ganharam tradução própria, o Changga.

Houve um período da história em que japoneses ocuparam a Corei. Na tentativa de apropriação e anexação de território eram impostas leis e tradições típicas do Japão aos coreanos. O ensino da língua coreana, o hangul, fora proibido também.

Neste momento, as músicas ensinadas pelos missionários foram tomadas como um símbolo de resistência aos exploradores. A mais famosa delas foi chamada de “Huimangga”, ou “Canção da Esperança”. Foi durante essa guerra civil que surgiu o Trot, estilo considerado como o antecessor do K-Pop, traz uma mistura que todas as influências e história que o país passava naquele momento.

Esse ritmo faz uma mistura de elementos musicais japoneses, ocidentais e coreanos. A principal influencia ocidental vinha de do estilo gospel americano, entretanto, a música só passou a ganhar mais destaque quando começou a expor situações traumáticas vividas durante a colonização. Política, amor, a vida, tudo isso eram temas das canções. Apesar do declínio, de popularidade do ritmo, há dois anos, em 2014, ele ganhou novo destaque. Uma emissora de televisão do país produziu um Dorama, forma como as novelas coreanas são chamadas aqui, com título traduzido como “Trot Lovers” que reviveu o ritmo tão tradicional.

Nesse momento vocês já devem estar pensando quando vamos finalmente falar do K-Pop, eis que é chegada a hora. Como foi possível perceber, a cultura americana teve muita influência na história da Coreia, principalmente em relação às músicas. Depois da divisão das Coreias, as tropas americanas continuaram ali e a popularidade dos ritmos conhecido na América do Norte só crescia. Rock, blues, jazz, tudo isso fazia parte do repertório dos coreanos.

Na década de oitenta as baladas ganharam grande destaque. No mais puro estilo sofrência coreana, o cantor Lee Gwang-Jo lançou o álbum “Você está muito longe para estar perto” que foi um sucesso e fez outros países olharem para as músicas produzidas na Coreia. Até hoje é praticamente regra que quase todo álbum de K-Pop tenha aquela faixa mais baladinha.

Foi nesse cenário que em 1992 o canal MBC, apresentou em seus palcos pela primeira vez os responsáveis por trazer o K-Pop ao mundo, segundo a lenda é claro. Seo Tai-Ji, Yang Hyun-Suk, que futuramente fundaria a Yg Entertaiment, e Lee Ju-No se uniram para formar o Seo Tai-Ji & Boys. Suas músicas eram dançantes e tinham uma capacidade incrível de fundir o melhor das músicas ocidentais e orientais. Aqui nascia o K-Pop.

Como toda música pop, o K-Pop é fruto de uma indústria cultural em que o lucro sempre grita mais alto. As empresas de entretenimento logo viram tamanho potencial que esse novo estilo tinham e investiram nos grupos. A música de estreia do grupo se chamou “Nan Arayo” e foi consagrada em 2012 pela revista Rolling Stone como uma das 50 melhores músicas de boybands de todos os tempos.

Falando em boybands, são elas que junto com as girlbands sustentam o K-Pop até hoje. Sim, coreanos dançam, e como dançam. Suas coreografias sempre a beira da perfeição são uma das grandes portas de abertura que atraem fãs para esse mundo. Hoje, existem diversos grupos de pessoas que se juntam exclusivamente para fazer covers das músicas coreanas e existem grandes festivais que premiam os melhores dançarinos. Em Goiânia temos alguns como o grupo Michigo. Deu para perceber que a cultura coreana não se segurou nos limites da Coreia, não é mesmo? Hoje, o mundo todo consome daquela cultura, seja música, doramas, comidas, tradições e não podemos dizer que esse fenômeno foi completamente natural.

Depois de uma guerra sangrenta, reconstruído, o país precisava agora crescer, atrair pessoas, investidores, se mostrar. Foi daí que surgiu a onda “Hallyu”. Denominada assim pela primeira vez por jornalistas chineses em 1999 que ficaram chocados com a dimensão e velocidade que a indústria de entretenimento coreana alcançava. A grande prova disso foi a música Gangam Style, do cantor Psy, que em 2012 atingiu a incrível marca de 1 bilhão e meio de visualizações no YouTube. Além disso, a curva de exportação de doramas coreanos foi de 105 milhões de dólares em 2008 para 133 milhões em 2013, segundo a Agência de Conteúdos Criativos da Coreia.

Em uma pesquisa divulgada em 2015 por essa agência, foi possível entender um novo panorama da onda Hallyu. Segundo os pesquisadores e entrevistados, existem sete gêneros que se destacam e podem abranger aquilo que o mundo consome da Coreia, entre os nomes de destaque selecionados do cenário musical estão Psy, Tvxq, Bigbang, Girls Generation e a Cantora Boa.

Uma curiosidade é que existem três principais agências de entretenimento na Coreia, juntas são chamadas de Big Three, as destruidoras: SM Entertainment, YG Entertainment e JYP. Elas são casa dos grupos mais famosos de K-Pop como Girls Generation, Super Junior, Shinee, Exo, A Rainha do Kpop, Boa, Big Bang, 2ne1, Wonder Girls, Miss A, entre outras.

Se gostou da história do pop na Coreia, não perca tempo e busque saber mais. É sem dúvidas uma ótima opção para quem procura boa música produzidas em padrões asiáticos de excelência, além de ser uma porta de entrada para conhecer uma nova e surpreendente cultura.

Se um dia você cruzar com um kpopper na rua, não se assuste se ele te saudar com um “annyeong”, ou perguntar o nome do seu fandom ou do seu Ultimate Bias ou desabafar sobre seu Bias Wrecker, passar horas falando sobre o debut do novo grupo da SM e o ultimo comeback do Exo, e nem os menospreze. A música na Coreia, como vimos, sempre teve um significado histórico e o K-Pop não é diferente.

Se eles, geralmente com seus cabelos pintados e roupas descoladas, não passarem tanta credibilidade apenas entenda que o fato é que o K-Pop de alguma forma mexe com a vida das pessoas. Seus fãs podem dizer o quão difícil é esperar todos os dias pelo show da sua banda no país ou por aquele CD novo chegar. Sonhar com aquele intercâmbio em Seoul e aquela motivação louca para aprender coreano. A verdade é que o K-Pop vai além de música. Como eu disse, para alguns, ele se torna uma religião. Para terminar é bom lembrar que nem só de boy e girlbands vive o K-Pop. Bandas como Cnblue, Ftisland, Day6, fazem bastante sucesso no país.

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