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Suspense e loucura de Psicose

Hoje vamos ter sangue de chocolate, uma personagem que apunhala sua vítima com uma faca de açougueiro e muito suspense. Prepare-se!



É clássica a aterradora cena da jovem Marion Crane sendo morta a facadas no banheiro de um hotel. Ao fundo, a cena fúnebre é acompanhada por uma das músicas mais famosas do cinema. Psicose é um longa metragem norte-americano dos anos 60, dirigido pelo famoso diretor britânico Alfred Hitchcock. O filme é uma adaptação do livro que leva o mesmo nome, de Robert Bloch e que ficcionaliza a vida do assassino Ed Gain, personagem da vida real que serviu de inspiração para muitas personagens do terror cinematográfico.

Ed Gain tinha um forte apego psicológico por sua mãe e é o que notamos pela forma como Norman se relaciona com a sua. No livro, no primeiro capítulo, o personagem ouve falar pela primeira vez no “Complexo de Édipo”, mas sua mãe foge do assunto.

Psicose conta a história, no primeiro momento, de Marion, uma secretária que rouba 40 mil dólares da imobiliária onde trabalha e em sua fuga, acaba parando em um hotel de aparência decante no meio da estrada. Neste hotel, Marion conhece Norman, um estranho e tímido rapaz que administra o estabelecimento. E sua vida acaba sendo levada a facadas pela mãe de Norman enquanto tomava banho.

Ao descobrir o que a mãe havia feito, Norman decide esconder as evidências do crime, e é assim que Marion termina sua fuga, no porta-malas de um carro, dentro de um pântano. A cena é chocante e até de certo modo sufocante, mesmo para os dias atuais.


“Mary começou a gritar. a cortina se abriu mais e uma mão apareceu, empunhando uma faca de açougueiro. E foi a faca que, no momento seguinte, cortou o grito”.


Esse foi um trecho do livro que serviu de base para a criação do filme, e é justamente a cena da morte da personagem Marion. No livro, a secretária recebe o nome de Mary Crane, enquanto que no filme seu nome passa a ser Marion porque na época já existia uma Mary Crane em Phoenix. Além disso, no filme, a cabeça da vítima não é cortada, ao contrário do que ocorre no livro.

Uma das cenas mais icônicas do cinema de todos os tempos, é, sem dúvida, a cena protagonizada por Marion. Após tomar a decisão de devolver o dinheiro roubado, a personagem banha-se com um semblante menos carregado pela culpa. Após decidir devolver o dinheiro que havia roubado e pagar pelo crime, uma decisão, contudo, tomada tardiamente. A câmera mostra seu corpo sendo esfaqueado, embora as feridas não sejam mostradas, e seu olhar apavorado, enquanto o sangue escorre de seu corpo nu, para no final ir de encontro ao chão do banheiro de um hotel de aparência medíocre.

Alfred Hitchcock quis que a cena em questão fosse guiada por um silêncio profundo, mas o responsável pela trilha sonora,o compositor Bernard Herrmann, compôs a música chamada violinos gritantes para acompanhar a morte de Marion. A combinação deu muito certo, pois não há quem não associe a cena à música.

A cena em questão, que dura tão pouco tempo, sendo 45 segundos, foi filmada ao longo de uma semana e possui cerca de 70 cortes, os golpes desferidos e diversos ângulos.

Hitchcock soube do livro por meio de sua secretária que havia lido uma crítica positiva do mesmo. Ele então comprou os direitos anonimamente e todos os exemplares que existiam na época para que ninguém ficasse sabendo do final, para assim começar a produzir o filme que viria a ser um grande sucesso e obter um enorme êxito.

Talvez seja por isso que as pessoas não consigam relacionar o nome de um diretor famoso ao fracasso. Apesar de hoje ser muito conhecido principalmente pelo público cult, podemos ter como exemplo o filme um corpo que cai, também dirigido por Hitchcock, mas que não obteve o prestígio esperado na época, tendo sido um fracasso de bilheteria. Ainda assim, o diretor quis apostar em seu próximo filme, contando com um baixo orçamento, usando o elenco da sua série de TV, Alfred Hitchcock Presents e filmando em preto e branco.

Hitchcock quis manter a autenticidade do filme, e, para isso, não quis que ninguém entrasse na sessão após o início, exigindo que os cinemas barrassem a entrada de pessoas que chegassem atrasadas para a sessão. Assim, na entrada das salas de cinema, havia cartazes com imagens em tamanho real do diretor apontando para um relógio.

Bates, interpretado por Anthony Perkins, no livro, é bem diferente do personagem presente nas telas: ao contrário do ator, no livro, ele está na casa dos 40, usa óculos, é gordo e com cabelo ralo, sendo praticamente careca.

Alfred Hitchcock é um diretor britânico reconhecido por ser o mestre do suspense. Ele foi o responsável por definir a diferença entre mistério e suspense, além de ser uma fonte de inspiração para uma geração de cineastas.

O diretor nunca ganhou um Oscar, apesar de ter sido indicado diversas vezes. Desde The Lodger, filme de 1926, Hitchcock faz aparições em seus filmes, assim como tantas dezenas de diretores fazem nos dias atuais. Apesar de muito conhecido e aclamado no mundo todo, o diretor assediou e perseguiu a atriz Tippi Hedren, que aparece no filme Os Pássaros do diretor, dizendo a ela que arruinaria a sua carreira e que ela jamais seria conhecida.

O filme Psicose marcou a história do cinema com o seu suspense, terror, suas personagens e principalmente com o rumo que a história toma a partir da morte de Marion. Com a morte dela, o telespectador fica com a dúvida da morte da protagonista, sendo em seguida brindado com o foco da história na vida de Norman e também se voltando para a descoberta do verdadeiro assassino da personagem.

Temos a descoberta de que Norman é muito mais aterrorizante do que esperávamos.

Psicose é sem dúvida um dos filmes mais rentáveis que já existiram e que serviu de fonte de inspiração para muitos outros, servindo até hoje como referência para tantos. É um filme indispensável para quem se denomina cinéfilo e também para aqueles desejam sentir um pouco de medo com o ar carregado do filme.

A história de vida de Norman e seu relacionamento pouco convencional com sua mãe deram origem a uma série de TV. A série, chamada de Bates Motel, é do gênero drama, suspense e mistério e é como um prólogo da história do filme psicose, com a ressalva de que ela se passa nos dias atuais.

Norma Bates decide começar uma nova vida longe do Arizona após a misteriosa morte de seu marido, e leva consigo seu filho Norman, de 17 anos. Ela gasta seu dinheiro em um motel velho e abandonado e na mansão ao lado. A história explica como Norman veio a desenvolver seu lado psicótico e nebuloso, isso aliado ao afeto que recebia da mãe. Norman Bates é interpretado pelo ator Freddie Highmore, que atuou anteriormente em “Fábrica de Chocolate” e sua mãe, norma, interpretada pela atriz Vera Farmiga, que já esteve presente em “Invocação do Mal”. A série está atualmente na quarta temporada e passa no canal da TV fechada Universal Channel, segundas às 22 horas e está também disponível no Netflix.

Apesar do final não nos dar dúvidas de que o assassino de Marion tenha doenças mentais, no fundo, ninguém é tão diferente assim. É o que podemos entender com a frase que Norman diz em um dos diálogos do filme e é um caso a se pensar

“todos nós ficamos um pouco louco às vezes, você não?”

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