A escola deveria ser um ambiente de Educação onde se acolhe indivíduos independente do gênero, sexualidade, raça e classe. Mas infelizmente essa não é a realidade do povo brasileiro. O preconceito contribui substancialmente para a evasão de estudantes, muitos, pela opressão nossa de cada dia, encontram-se impossibilitados de ao menos completar o ensino fundamental.
Grande parte destes jovens afetados sofrem os mais variados preconceitos pela sua identidade de gênero e sexualidade. Apesar da Portaria Nº 1612/2011 do Ministério da Educação assegurar a transexuais e travestis o direito de serem tratadas pelo nome social, a violência contra essa população é real e alarmante.
Sabemos também que o Brasil é o país que mais mata travesti em todo o mundo. Segundo o grupo Gay da Bahia, conhecido como GGB, dos assassinatos documentados de LGBTs em 2013, 35% eram de travestis. A estimativa de 2011 é que existem pelo menos 50 mil travestis e 2 mil transexuais no Brasil Ou seja, em 2013, uma travesti a cada 460 foi assassinada. Comparando os dados de GGB de forma relativa à população, a probabilidade de uma travesti ser vítima fatal de um crime de ódio é cerca de 90 vezes maior que a de um homem gay.
É nesse contexto que o cursinho Prepara Trans se insere. Como uma forma de oferecer a estas pessoas oportunidade de acesso ao ensino com uma gestão preparada para recebê-las e tratá-las com respeito. O cursinho popular gratuito dispõe aulas para pessoas travestis, transexuais e transgêneras que querem se preparar para o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), além de outros vestibulares. Surgiu como uma proposta do Encontro Nacional em Universidades sobre Diversidade Sexual e De Gênero de 2015 e é composto por voluntários que constroem o projeto coletivamente. Em caso de vagas remanescentes, o Prepara Trans também oferece oportunidades de ensino para pessoas LGB periféricas. Porém, sempre tendo em mente o público alvo.
Fui às seis da noite do dia 15 de setembro até à Faculdade de Educação da UFG para entrevistar o graduando do sexto período de Letras - Licenciatura em Português, organizador e educante dos eixos de leitura e produção textual e linguagens do cursinho Prepara Trans, Gustavo Henrique Dias Souza. Você confere agora a íntegra dessa conversa.
O cursinho Prepara Trans, como o Gustavo disse, não encerra inscrições para pessoas trans, travestis e transgêneras. Caso se interesse em participar ou ajudar na arrecadação de fundos para o projeto, entre em contato pela página do facebook do Prepara Trans, via instagram @preparatrans ou na Faculdade de Educação localizada no Setor Universitário em Goiânia – GO.