Cassação de Cunha e denúncias contra Lula
- Lucas Botelho
- 17 de set. de 2016
- 3 min de leitura
O cenário político brasileiro continuou conturbado nessa semana. Na segunda feira (12) , o então deputado federal e ex-presidente da câmara, Eduardo Cunha, teve o seu mandato cassado e se tornou inelegível até o ano de 2027.
O pmdbista tem pela frente processos penais de corrupção e até um pedido de prisão. O desfecho de seu caso depende de qual instância da justiça irá decidir sobre suas ações e se o ex-deputado vai firmar ou não um acordo de delação premiada.
Os 450 votos a favor da cassação de cunha colocaram um ponto final no processo que se arrastava desde novembro de 2015. Foram dez votos pela absolvição, e nove abstenções. Eduardo Cunha foi condenado por mentir aos colegas em março de 2015, quando negou ter qualquer tipo de conta no exterior. Meses depois, foram descobertas diversas contas em seu nome na Suíça. Em seu discurso, o pmdbista afirmou pagar o preço por ter autorizado a tramitação do processo de impeachment de Dilma Rousseff. Outra consequência da cassação deve ser a mudança do foro onde o ex-deputado vai ser investigado e julgado pelas acusações de ser um dos principais integrantes do esquema de corrupção na Petrobras. Com o foro privilegiado que possuía, Cunha responde a duas ações penais no Supremo Tribunal Federal, além de outras investigações relacionadas ao esquema.
O ex-presidente da Câmara afirmou que foi cassado por motivos risíveis, ou seja, cômico, o que, segundo ele, abriu precedente para que qualquer deputado perca o mandato por acusações consideradas frágeis. Em tom de recado, Cunha lembrou que outros cento e 60 deputados também respondem a acusações.
O ex-deputado afirmou que o governo de Michel Temer tem uma parcela de culpa no desfecho da votação. Ele afirma que, quando parte do PMDB apoiou a candidatura de Rodrigo Maia para a presidência da Câmara, estava indiretamente dando apoio a sua cassação.
Cunha afirmou também que vai tornar públicas as conversas que teve com diversos políticos durante o processo de impeachment. Entretanto, afirmou que não tem nenhum tipo de gravação dos diálogos.
A queda final de cunha ocorreu 12 dias depois do afastamento definitivo de Dilma da presidência. Como presidente da câmara, Cunha foi o responsável por aceitar o pedido e liderar no plenário o processo de impeachment da então presidente.
Com apoio do PMDB e dos partidos do chamado centrão, Cunha derrubou diversas propostas e projetos do planalto. Quando foi acusado pelo Conselho de Ética, chegou a tentar um acordo com o governo que envolveria o fim do impeachment e de seu processo de cassação, o acordo no entanto, não aconteceu.
O surgimento de delatores que revelaram a existência de dinheiro vinculado a Cunha em contas secretas na suíça complicaram ainda mais a sua situação, levando o ex deputado federal a ser o primeiro congressista a se tornar réu na Operação Lava Jato.
Ele já estava com o mandato suspenso desde maio, por determinação do Supremo Tribunal Federal, sob a acusação de que o deputado usava suas funções para atrapalhar as investigações. Cunha também já havia renunciado definitivamente ao comando da Câmara em julho, na tentativa de reverter o processo.
A cassação foi selada onze meses depois de o Psol e a rede terem protocolado a representação contra cunha, em um processo marcado por uma série de manobras do pmdbista. Com a cassação, reassume uma vaga na câmara dos deputados o suplente José Augusto Nalin, do PMDB.
Na quarta feira, procuradores federais que atuam no Paraná e integram a força-tarefa da operação lava jato denunciaram Luiz Inácio Lula da Silva à justiça e classificaram o ex-presidente da república como o comandante máximo de um esquema de corrupção.
Para os procuradores, a existência do esquema de desvios na Petrobras seria impossível sem a participação de Lula. A partir de agora, ele passa a ser formalmente acusado dos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Além do ex-presidente, Marisa Letícia e outras seis pessoas também foram formalmente acusadas na mesma denúncia. Lula negou ilegalidades e afirma que não há provas contra ele.
Em nota, os advogados do ex-presidente classificaram a entrevista dos procuradores como “um deplorável espetáculo de verborragia”, em que se esqueceram de apresentar as provas dos crimes.
Após a denúncia, a frase “não temos prova, mas temos convicção” se tornou um viral na internet. Posteriormente foi divulgado que a frase não havia sido formulada dessa forma, mas sim que, em momentos diferentes, os procuradores afirmaram que não teriam “provas cabais”, mas que apesar da falta de comprovação, a procuradoria disse ter convicção sobre o papel do ex-presidente no esquema de corrupção na Petrobras.
E como tudo no Brasil se torna um meme, a apresentação de slides no PowerPoint feita pelos procuradores do Ministério Público para apresentar as acusações fez muito sucesso nas redes sociais. Cheio de gráficos, setas e palavras cortadas, o slide rendeu diversas paródias que também viralizaram rapidamente.