Em 7 de setembro de 1822, Dom Pedro I bradaria a Independência do Brasil do Reino Unido de Portugal, Brasil e Alvagares. O grito do Ipiranga, de estética quase alegórica, marcava em tese um novo momento para o império nacional.
No entanto, o período do Brasil como império foi marcado por dificuldades e problemas que refletiram em nosso modelo republicano. Os 67 anos do período abarcaram uma série de mudanças enquanto disputas de poder explodiam por todo o estado nacional.
Vale lembrar que o período de existência do império brasileiro ficou dividido em três conhecidas fases: o primeiro reinado, o período regencial e o segundo reinado. Um dos maiores problemas durante o período colonial era de origem administrativa. Com um território ocupado majoritariamente na região litoral da federação, o sertão brasileiro estava abandonado à própria sorte.
No período do império, o poder do Estado se estendeu por meio das novas vilas e distritos estabelecidos. O poder local era representado por meio das figuras dos juízes, tabeliães, delegados e pela guarda nacional. Todavia, a desigualdade social, presente desde o tempo da escravidão de africanos e indígenas, era um problema latente. Na verdade, um desafio completamente negligenciado.
Segundo o Censo Demográfico realizado no Brasil em 1872, a população submetida ao regime escravista, naquele ano, correspondia a mais de 15% do total de habitantes. As diferenças nestas camadas sociais são refletidas até os dias de hoje, com suas devidas proporções.
Para pesquisadores que recorrem a arquivos públicos de algumas cidades brasileiras, há dados curiosos e lamentáveis. Em registros de casamento guardados em arquivos públicos, detalhes sobre a ascendência local da população variam conforme a etnia de origem. Sobre africanos, por exemplo, são encontradas informações genéricas, muitas das vezes incompletas, ou com dados superficiais. Para descendentes de indígenas, o problema é semelhante. Isso se reflete na população brasileira do Século XXI, que em muitas das vezes não sabe de quais países ou estados vieram seus antepassados.
O segundo reinado foi o maior período do Brasil como império. Dom Pedro II governou o Estado Nacional até o ano de 1889, quando o regime monárquico foi derrubado por meio de um golpe. Durante o período de Pedro II como governante, o Brasil esteve em várias guerras e iniciou um processo lento de libertação dos habitantes escravizados.
A tensão entre apoiadores da monarquia e república se viu em grande parte do período. Certas figuras políticas e empresas, como jornais, se definiam como republicanos. Desse modo, a disputa pelo poder entre membros dos partidos conservador e liberal, também, se fez presente. É neste contexto que os primeiros casos de banditismo se afloraram no interior do Brasil assustando o povo.
O movimento republicano ganhava forças em todo o país, enquanto a força imperial, cada vez mais enfraquecida e isolada, não conseguia atender às demandas. Não adiantou, em 1889 tomava posse o primeiro presidente da república, Deodoro da Fonseca.194 anos depois da Proclamação da Independência, o Brasil tem muito que comemorar. O país ainda não está no nível esperado pela maior parte da população, mas muitos avanços foram alcançados até aqui.