Tem início na próxima quarta-feira, 7, os Jogos Paralímpicos no Rio de Janeiro. O evento é disputado por atletas que tem algum tipo de limitação física e sucede os Jogos Olímpicos do Rio 2016. A primeira edição das Paralimpiadas ocorreu em Roma, em 1960, mas, para chegar a competição com a conhecemos hoje, o esporte para pessoas com necessidades especiais passou por uma longa trajetória. Após a Segunda Guerra Mundial, quando soldados voltavam feridos para seus países o esporte adaptado foi uma medida encontrada para a inclusão e tratamento dos veteranos de guerra.
As primeiras modalidades, basquete em cadeiras de rodas, atletismo e natação surgiram nos Estados Unidos e na Inglaterra. O médico alemão Ludwig Guttman, refugiado no Reino Unido, foi o responsável pela implantação das práticas com seus pacientes na Inglaterra.
Em 1948, o doutor Guttman aproveitou a 16ª Olimpíada de Verão para criar os jogos desportivos de Stoke Mandeville. Apenas 14 homens e duas mulheres participaram da primeira edição. Anos depois, em 1952, os jogos de Mandeville ganharam projeção, e contaram com a participação de 130 atletas deficientes, o que contribuiu para que a competição se tornasse anual.
Quando a Itália se preparava para sediar os Jogos Olímpicos 1960, Antonio Maglia, diretor do Centro De Lesionados Medulares De Ostia, propôs que os jogos de Mandeville se realizassem em Roma, após as Olimpíadas. Contando com o apoio do Comitê Olímpico Italiano, os primeiros Jogos Paralímpicos contaram com a participação de 240 atletas, vindos de 23 países diferentes.
Funcionamento
As Paralimpíadas são disputadas a cada quatro anos, nos mesmos locais onde são realizadas as Olimpíadas. Os atletas paralímpicos usam a mesma estrutura montada para os atletas olímpicos. São 19 modalidades em disputa por atletas portadores de deficiências, divididos em categorias funcionais de acordo com a limitação de cada um.
Os atletas com deficiência física são classificados em cada modalidade esportiva por meio do sistema de classificação funcional. Este sistema visa classificar os atletas com diferentes deficiências físicas em um mesmo perfil para a competição e, tem como meta garantir que a conquista da medalha por um atleta seja fruto de seu treinamento, experiência, motivação e não devido a vantagens obtidas pelo tipo ou nível de sua deficiência.
Na natação, são dez classes para o nado de costas, livre e golfinho; dez classes para o medley e nove classes para o peito. Os atletas com deficiência visual passam por uma classificação médica. Entre eles, há somente três classes. Apesar de estas classificações serem aceitas pelo Comitê Paralímpico Internacional (IPC), existe muita polêmica em relação a essa classificação.
As modalidades esportivas: bocha, goalball e halterofilismo foram criadas especificamente para atletas deficientes. Adaptações nas modalidades convencionais são mínimas, mas podem acontecer. Por exemplo, nas corridas de deficientes visuais, classes T11 e T12, são permitidos guias.
Brasil na Paralimpíada
O Brasil é uma potência nas Paralimpíadas. Oficialmente, a primeira participação brasileira nos jogos foi no ano de 1972, na cidade de Heidelberg, Alemanha. A delegação era composta por 20 atletas, todos homens. Os brasileiros disputaram provas no tiro com arco, no atletismo, na natação e no basquete em cadeira de rodas, mas não faturaram nenhuma medalha.
O gostinho do primeiro pódio só seria sentido quatro anos depois, em Toronto, Canadá. Curiosamente, o pódio inédito foi alcançado pelo pioneiro do movimento paralímpico no Brasil, Robson Sampaio de Almeida. Ele foi o responsável por trazer para o país, em 1958, o esporte como meio de reabilitação, ao lado de Aldo Miccolis. Nos jogos de Toronto, Robson conquistou a prata no lawn bowls, um tipo de bocha na grama, em dupla com Luiz Carlos “curtinho”.
Em mil 1984, o país faturou seu primeiro recorde de medalhas paralímpicas, subindo 28 vezes ao pódio. Em Nova York, Estados Unidos, o Brasil faturou seis medalhas, todas conquistadas por mulheres.
Já nas provas em Stoke Mandeville, Inglaterra, foram conquistadas 22 medalhas, sendo seis de ouro, 14 de prata e duas de bronze. Em Seul, Coreia Do Sul, 1988, o Brasil conquistou um total de 28 medalhas, igualando o desempenho geral dos jogos de 1984. A exemplo do que ocorreu na edição anterior, os brasileiros tiveram amplo sucesso no atletismo e na natação. A grande novidade em Seul veio no tatame: Jaime de Oliveira, Júlio Silva e Leonel Cunha Filho foram os primeiros atletas do Brasil a conquistar uma medalha paralímpica no judô.
Já em 1996 conquistamos nosso primeiro ouro paralímpico no judô. Em Atlanta, o judoca Antônio Tenório da Silva entrou para a história do esporte paralímpico brasileiro, ao subir no lugar mais alto do pódio no judô. O desempenho brasileiro só cresceu com o passar dos anos. Em Atenas, 2004, quebramos nosso recorde de medalhas de ouro. Subimos ao lugar mais alto do pódio 14 vezes. No total, o Brasil conquistou 33 medalhas estabelecendo um recorde na história do paradesporto nacional, que veio a ser superado quatro anos depois, em Pequim, 2008.
Nos últimos jogos paralímpicos, Londres 2012, reforçamos nossa condição de potência paralímpica. O número de medalhas de ouro arrebatadas pelos brasileiros na capital inglesa foi o maior de todos os tempos. 47 medalhas foram conquistadas pelos nossos atletas, resultando para nós a 7ª colocação no quadro geral de medalhas.
Para o Rio 2016, nosso objetivo é subir mais duas posições no quadro de medalhas e terminar entre as cinco maiores potencias paradesportivas do mundo. Ao todo 285 atletas paralímpicos vão representar o país na competição, e pela primeira vez o Brasil vai ter representantes nas 22 modalidades do torneio.
Torcida é o que não vai faltar, né?