Os idosos usam cada vez mais a internet. Em dez anos, triplicou o número de pessoas com mais de 60 anos que usam a rede mundial de computadores, de acordo com uma pesquisa divulgada Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De 2006 a 2015, o percentual de idosos que acessam a internet passou de 4,7% para 14,6%.
Ainda segundo o IBGE, de 2005 a 2011, aumentou em 222,3% o número de brasileiros com 50 anos ou mais de idade que entram na internet. Entre as faixas etárias investigadas, foi a que teve maior crescimento relativo no período. Mais de cinco milhões e seiscentas mil pessoas com 50 anos ou mais passaram a acessar a internet nesse período.
É uma multidão que invade a web com um objetivo principal: aumentar suas relações sociais, segundo um estudo da Universidade de Brasília de 2009. Seja por meio de redes sociais, salas de bate-papo ou blogs com espaço para comentários, o que eles querem é interagir e reduzir a sensação de solidão.
O facebook é a rede favorita dos idosos, com 95% dos entrevistados dizendo ter conta e fazer uso do site. O Linkedin aparece em segundo, com 23% e o Instagram em terceiro com 19%.
Outro dado interessante é referente à superioridade numérica das mulheres na terceira idade que estão online em relação aos homens. Segundo a pesquisa, 85% dos idosos conectados são mulheres e apenas 15% são homens.
Em relação ao estado civil, a pesquisa mostra que a maioria das pessoas mais velhas online é casada. 45,8% dos entrevistados eram casados, 22,8 são separados, 22,5 viúvos e apenas 8,9 são solteiros.
Para aqueles que ainda se perguntam se aprender a usar o computador e o smartphone vale a pena, especialistas no tema têm um recado: pare de perder tempo e comece agora, pois os ganhos são muitos.
Estudos vêm mostrando que, para os mais velhos, o uso das novas tecnologias ajuda a combater o isolamento, aumenta a sensação de bem-estar e promove melhoras na saúde física e mental. Além de fortalecer a sensação de competência.
Uma das pesquisas mais recentes sobre o tema foi conduzida por médicos da clínica Mayo, nos Estados Unidos, e foi apresentada no fim de abril em um congresso no Canadá. Depois de acompanhar 1.929 pessoas com mais de 70 anos por cerca de quatro anos, os pesquisadores notaram que atividades como usar o computador, ler, fazer trabalhos manuais e participar de atividades sociais protegem consideravelmente as habilidades cognitivas.
O que mais surpreende na pesquisa são os benefícios trazidos pela tecnologia: utilizar um computador ou laptop ao menos uma vez por semana reduz em 42% a probabilidade de o idoso ter problemas de memória e raciocínio.
As demais atividades também trazem ganhos, mas um pouco menores: a leitura de revistas reduz a perda de memória em 30%, o engajamento em atividades sociais, em 23%, e trabalhos manuais, como tricô, em 16%.
A análise americana dialoga com um estudo anterior, apresentado em 2014, pela Universidade de Exeter, no Reino Unido. O trabalho, financiado pela União Europeia e realizado em parceria com instituições de saúde, ofereceu acesso à internet e aulas de informática a idosos que vivem em asilos na Inglaterra. Dos 76 participantes do estudo, que tinham entre 60 e 95 anos, metade recebeu o treinamento, que envolvia a utilização de um computador simples e fácil de manusear, com tela sensível ao toque e teclado.
Todos se mostraram capazes de usarem regularmente o computador por doze meses, incluindo o período de treinamento, de três meses. Esse grupo, segundo uma análise posterior, se tornou mais confiante no dia a dia e também apresentou melhora das habilidades cognitivas, o que, segundo os pesquisadores, tem impactos positivos sobre a saúde mental dos idosos.
Os participantes afirmaram, ainda, que o principal benefício que tiveram com o programa foi a possibilidade de se conectar com amigos e parentes por meio de e-mail e de programas como o skype, diminuindo o sentimento de solidão e isolamento.